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O Trato Adequado dos Animais

Foto de um cachorrinho andando na praia

Mudanças necessárias na nossa atitude para com os animais.

Não, não vou discutir aqui se os animais tem alma[1], se ela é diferente da nossa ou que lhe acontecerá no futuro. Assumo como fato, que, do átomo ao arcanjo, tudo se interliga em uma linha de evolução do princípio inteligente[2]. E os animais são nossos irmãos mais novos neste caminho.

Deste fato, decorre a necessidade de uma mudança na nossa atitude para com eles e é disto que tratarei aqui. Para esta exposição, tomo a liberdade de emprestar do Budismo o uso da palavra “senciente”.

Sencientes são os  seres que tem a capacidade de sentir e que buscam fugir do sofrimento[3], entre eles estão os humanos e os animais.

Usar uma palavra que enfatiza o que temos em comum, evita a armadilha mental de nos vermos como seres especiais na Criação[4]. Em verdade, a vida reúne no mesmo palco seres sencientes em diversos estágios de evolução, para que sejam instrumentos de progresso e apoio uns dos outros[5].

O ideal, a melhor situação para o progresso da humanidade, seria que nossa alimentação não dependesse da matança de outros seres sencientes, que deixássemos de destruir o meio ambiente e que reconhecessemos a existência de seus direitos naturais, ampliando as conquistas da civilização, que já reconhece os direitos naturais do homem.

Claramente, a humanidade ainda esta longe desta situação ideal, arcando com as consequências. Causando sofrimento aos outros seres sencientes, de forma individual ou coletiva, semeamos sofrimento para nós mesmos.

Felizmente, se notam sinais de mudança. Maltratos e abusos já causam indignação na opinião pública, as leis começam a incluir dispositivos de proteção, já há pessoas que organizam abrigos para acolhê-los e assim por diante.

Devemos colaborar com esta mudança, e podemos começar com a ação mais simples de todas, tratando melhor os seres mais próximos a nós. Por exemplo, se temos cães em nossos lares, lhes damos atenção e cuidados adequados? Ou os prendemos em quintais e cantos sem outra preocupação senão a que vigiem nossos lares para nós? É tão fácil proporcionar-lhes uma vida feliz.

Nossos hábitos de consumo também podem ser gradativamente modificados, podemos ir deixando de utilizar produtos e alimentos cuja produção sobrecarregue de sofrimentos nossos irmãos mais novos e os substituindo por outros menos nocivos.

Os alimentos orgânicos, pela forma com que são produzidos, já minimizam alguns  danos para a natureza, mas, quem sabe, possamos dar o passo seguinte e criar uma classificação para identificar os produtos  que não causam sofrimentos aos seres sencientes envolvidos em sua cadeia produtiva.

E finalizando, não podemos esquecer de observar nossa forma de ganhar a vida. Tomo emprestada outra expressão budista, que serve para sintetizar também a visão espírita da questão[6], se queremos ser coerentes na vivência dos princípios que esposamos, temos que ter um modo de vida correto.

Por modo de vida correto, se entende que, a pessoa deve ganhar seu sustento sem causar sofrimento a qualquer ser senciente. Matar seres sencientes ou maltratá-los como parte do modelo de negócios,  com certeza, não colabora com o progresso espiritual de ninguém.

Muita Paz,
Carlos A. I. Bernardo


Observações

[1] “Na base dos fatos recolhidos, deve-se, pois, afirmar, sem medo de errar, que o veredito da futura ciência não pode ser senão favorável à existência, na subconsciência animal, das mesmas faculdades supranormais que encontramos na subconsciência humana e, como o fato da existência latente, na subconsciência humana, de faculdades supranormais, independentes da lei de evolução biológica, constitui a melhor prova em favor da existência, no homem, de um espírito independente do organismo corporal e, por conseguinte, sobrevivente à morte desse organismo, é racional e inevitável inferir-se daí, já que na subconsciência animal são encontradas as mesmas faculdades supranormais, que a psique animal está destinada a sobreviver, ela também, a morte do corpo.” Ernesto Bozzano – Conclusão do livro “Os Animais tem Alma?.

[2] Vide O Livro dos Espíritos, questão 540.

[3] O Budismo e o Espiritismo tem muitas afinidades e, entre elas, a visão de que nós e os animais compartilhamos essencialmente a mesma natureza espiritual.  Há uma diferença, naturalmente, na forma de encarar a sequência dos renascimentos dos seres. O Espiritismo postula que a evolução dentro do ciclo de renascimentos é sempre progressiva, quando atingimos a fase de espírito humano, não voltamos a ter existências como animal. Para o Budismo isto pode ocorrer como resultado das nossas ações negativas.

[4] Vale lembrar que a espécie humana, conforme a classificação usada na Biologia, pertence ao reino animal. Inclusive, como bem observa Gabriel Delanne, “por seus caracteres físicos, o homem em nada se distingue do animal, e que vã tem resultado a tentativa para estabelecer uma linha divisória que lhe permita atribuir um lugar privilegiado na criação” (trecho do cap. II do livro “A Evolução Anímica”).

[5] Ou, como coloca André Luiz, “os seres da retaguarda evolutiva alinham-se conosco em posição de necessidade perante a lei”. Esta frase é da mensagem “Perante os Animais” , do livro Conduta Espírita, que sumariza os deveres dos Espíritas com relação aos animais. Esta mensagem está disponível na Internet, vide por exemplo, em http://acaminhodaluz.net.br/v2/mensagem-da-semana/247-perante-os-animais-andre-luiz-waldo-vieira.html

[6] “Só é legítima a propriedade que foi adquirida sem prejuízo de outrem”. O Livro dos Espíritos, resposta a questão 884.


Bibliografia

Bernardo, Carlos A. I. As Quatro Nobres Verdades – Uma breve comparação entre Budismo e Espiritismo. Série de artigos publicada no Boletim GEAE, a partir da edição 428, janeiro de 2002. Coleção dos Boletins do GEAE disponível em http://geae.net.br

Bozzano, Ernesto. Os animais tem alma?. Tradução de Francisco K. Werneck. Rio de Janeiro: Editora Eco.

Delanne, Gabriel. A Evolução Anímica. Tradução de Emanuel Quintão. 8 ed. Rio de Janeiro:FEB, 1995.

Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Edição Comemorativa de 150 anos. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Luiz, André. Conduta Espírita. Médium Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 1960.

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