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Reencontro

Reencontro - Um Conto Espírita

Um Conto Espírita (V)

Todos rodeiam e cumprimentam Flávio. Ele está imensamente feliz. O ambiente é de festa, a reunião espiritual foi um sucesso e os últimos detalhes para sua volta ao plano terreno acertados.

Realizada no modesto salão do pequeno centro espírita do bairro, contou com a presença dos irmãos encarnados através do desdobramento pelo sono físico. João e sua esposa, dois frequentadores do centro, aceitaram receber Flávio como filho. Pedro, o fundador do grupo e médium, aceitou o compromisso de guiar seus primeiros passos na Doutrina.

Flávio, um dos guias da casa, espírito de luz há muito, retornará as lides terrenas para ajudar seus três filhos de uma encarnação passada. Então, nas Gálias, ligou-se ao Cristianismo nascente, mas, incompreendido pela família e pelos amigos, teve que renunciar à sua posição social e até mesmo à sua vida, coroada pelo martírio em testemunho de sua fé.

Seus antigos filhos, fugindo de toda orientação que procurou lhes dar desde então, lançaram-se à toda sorte de desacertos e, por várias existências, comprometeram-se com as leis divinas.

Agora, pela primeira vez, as perspectivas são outras, sob os nomes de Pedro e João, dois deles se encontram decididamente no caminho do bem e o terceiro, começa a abrir-se para o arrependimento. Seus últimos erros, como Sinhô Doutor, o colocaram em uma situação de extrema penúria espiritual, mas, por outro lado, o sofrimento decorrente, quebrou-lhe finalmente a casca de orgulho e indiferença pelo próximo com que se cobria há séculos.

Sinhô Doutor, agora um pobre demente abrigado na instituição fundada por Pedro, está prestes a desencarnar. Ficará algum tempo na instituição espiritual a qual o centro se encontra ligado e retornará ao corpo físico assim que Flávio, reencarnado, estiver casado e pronto para acolhê-lo novamente como filho.

João e Pedro perdoaram Sinhô Doutor. O primeiro lhe será avô carinhoso no futuro e o outro o receberá também na escola dominical para o aprendizado do Evangelho de Jesus.

Flávio sai sorridente do salão e procura seu fiel companheiro, que deveria estar aguardando do lado de fora. Olha para todos os lados e finalmente o vê.

É uma cena engraçada. Totó, desencarnado há alguns dias, está correndo e pulando alegremente em torno de João e Pedro. O grupo de espíritos que os levavam de volta aos seus lares, teve  que parar para dar-lhes oportunidade de brincar com o cão.

Não há dúvidas, ele vai pedir autorização para que Totó volte mais uma vez com eles ao plano físico.

Este cão tem sido seu companheiro tantas vezes que Flávio nem sabe mais dizer como os laços que os unem começaram. Há outros animais aos quais Flávio dedica sua atenção, inclusive como responsável pelas caravanas socorristas da instituição nos planos inferiores da espiritualidade, que contam sempre com a escolta de uma valorosa matilha.

Mas, Totó é especial. No momento crucial da vida de Flávio, quando vieram buscá-lo para o martírio, lá estava ele e foi o único que se levantou em sua defesa. Tentativa inútil, prontamente anulada pelas lanças dos legionários, mas, Flávio jamais se esqueceu da cena e a gratidão que sente ainda é a mesma que sentiu naquele momento longínquo no tempo.

Flávio, parado na porta do centro, contemplando a alegre algazarra criada por Totó, João e Pedro, não pode deixar de elevar o pensamento em gratidão ao Criador.

Volta-lhe a memória neste instante também o ponto culminante de outra encarnação. O momento em que, andando despreocupado pelos campos, deparou-se com a cena de um homem pregando a boa nova do Reino dos Céus aos animais silvestres que o cercavam.

Foi com Francisco de Assis que aprendeu que todos os seres da Criação são nossos irmãos.

Muita Paz,

Carlos A. I. Bernardo

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