Uma infinidade de mundos onde o espírito vive e progride.
Desde o seu início, o Espiritismo defendeu a tese de que o universo contém uma infinidade de mundos habitados, não só por causa das comunicações dos Espíritos a respeito, mas, porque ela é uma consequência lógica das suas concepções sobre a origem e o desenvolvimento dos Espíritos.
O mundo material é o palco onde a evolução do princípio inteligente ocorre e assim é perfeitamente concebível que existam outros mundos além da Terra e em todos os estágios de desenvolvimento possíveis.
À mesma conclusão, com roupagens ligeiramente diferentes de acordo com a época e a cultura vigente, haviam chegado anteriormente alguns sábios da antiguidade, o filósofo renascentista Giordano Bruno e a milenar Doutrina Budista.
No meio científico, apesar de muitos visionários, como o astrônomo Camille Flammarion, espírita de primeira hora e amigo de Kardec, defenderem esta tese, foi somente nos últimos anos que ela começou a ganhar os foros de fato aceito. Com os avanços tecnológicos e teóricos, a Astronomia passou a mapear corpos celestes não luminosos e de escalas menores que eram impossíveis de serem detectados anteriormente.
Já passam de milhares os planetas detectados e, entre eles, alguns com posição orbital e características de tamanho e massa que os colocam em condições de possuir água líquida e, portanto, sustentar formas de vida como a nossa.
Este imenso cenário, que começa a ser descortinado pela pesquisa científica e divulgado pelos meios que ela dispõe, tem o poder de mudar consideravelmente o modo como a humanidade vê a si própria e se organiza.
Não somos o centro do universo, nem mesmo ocupamos lugar de destaque em sua estrutura ou temos qualquer coisa especial em relação aos habitantes de outras humanidades que as nossas ciências ainda virão a detectar no futuro. Somos cidadãos de um cosmos que se mostra cada vez mais infinito, residindo em uma de suas muitas moradas.
Possivelmente, uma atitude mais humilde do homem perante a criação se desenvolverá, conduzindo a novos usos e costumes, mais abertos a tolerância e a convivência pacífica.
Gene Roddenberry, o criador nos anos 60 da série de ficção científica Jornada nas Estrelas, não devia estar muito longe da verdade quando imaginou para o futuro uma sociedade terrena profundamente transformada pelo encontro dos humanos com outros seres inteligentes.
Muita Paz,
Carlos A. I. Bernardo
Bibliografia
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Imagens
Via Láctea, Rochas – Paisagem à Noite. Fonte: Banco de imagens pixabay.com