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Os Fundamentos da Ética Espírita

Foto noturna de um homem de braços abertos voltado para o céu estrelado

A Ética à Luz da Ciência Espírita.

A definição clássica da Ética é a de que ela é a ciência da moral, investiga o que é bom, está relacionada com a arte de viver. A moral, por sua vez, são os usos e costumes estabelecidos em um grupo humano, em um determinado contexto histórico. A ética estuda a moral, lhe buscando as justificativas e não impõe regras. Mostra o que é adequado ou não e as consequências de tal ou qual comportamento.

A moral espírita é a moral evangélica, a que está nas regras de conduta contidas nos ensinamentos de Jesus. A ética espírita fundamenta a adoção desse código de conduta pelas luzes trazidas pela ciência espírita. Fazer o bem, amar o próximo, praticar a caridade, abandonar o orgulho e o egoísmo, almejar em primeiro lugar os bens da alma e tantas outras lições ensinadas por Jesus, fundamentam-se no fato de que somos espíritos em trânsito pela terra. Estamos aqui para aprender e evoluir, sujeitos as leis universais como a de ação e reação.

O Universo que percebemos é apenas parte da Criação. Ele se estende por outros domínios que escapam aos nossos sentidos e instrumentos. As leis físicas apresentadas pela ciência comum e usadas na tecnologia moderna representam uma parte pequena da realidade maior. São modelos que, ao longo do tempo, evoluirão e, em novas formulações, que surgirão com a evolução da humanidade, abarcarão muito do que hoje consideramos fora de seus domínios. Dia virá em que a ordenação moral do Universo, embutida na sua estrutura fundamental, estará tão clara para nossos cientistas quanto a lei da gravitação ou as modernas teorias da relatividade. A ciência espírita, no estudo dos fenômenos mediúnicos e das comunicações dos espíritos, nos permite avançar alguns passos na compreensão dessa realidade maior.

Hoje nos faltam sentidos que permitam compreender a Deus, qual sua natureza e a forma completa das leis universais pelas quais age. Mas Ele existe, essa é a mensagem trazida na codificação espírita. Ele é a inteligência suprema, a causa primária [1] de todas as coisas e age incessantemente. Todos os fenômenos conhecidos do homem e os ainda desconhecidos, todas as leis que os descrevem, toda a ordenação física e moral do Universo têm nele sua origem.

Essa conceituação de causa primária e da existência de uma ordenação moral do Universo, tão natural quanto a ordenação física percebida pela ciência da matéria, dá a ética espírita um instrumental de análise bastante poderoso. A conduta correta não se baliza apenas pelo costume, pelo pecado ou pela santidade, mas no que torna o ser mais equilibrado em relação ao Universo, no que o aproxima mais da felicidade e o afasta do sofrimento, no que agiliza sua caminhada rumo a perfeição ou no que dificulta e atrasa essa escalada.

Kardec iniciou o Livro dos Espíritos pelo capítulo do que é Deus. Muito longe do conceito antropomórfico de um Deus semelhante a um imperador, que gratifica e castiga, ao qual se deve temer e bajular a fim de conseguir sua graça, este Deus que os espíritos nos apresentam é a fonte permanente de tudo o que existe e cabe ao homem se aproximar Dele pela adequação de sua conduta. O destino de cada um de nós é de nossa inteira responsabilidade, resultado de nossas ações e de nosso estado de espírito, de como aproveitamos os recursos incessantemente oferecidos igualmente a todos por Ele.[2]

Muita Paz,

Carlos A. I. Bernardo

Observações

[1] Prefiro usar a palavra “primária” para traduzir a idéia apresentada pelos Espíritos na resposta a “O que é Deus” (Dieu est l´intellinge suprême, cause premiére de toutes choses) porque dá a idéia de que Ele é uma causa permanente, incessante. Se uma bola de neve é atirada do alto de uma montanha, o atirador será a causa primeira da avalanche que provocará, mas poderá sair de seu lugar sem que a avalanche deixe de existir. A energia elétrica que alimenta a lâmpada de uma sala é a causa primária da claridade ali existente, se o interruptor for desligado e a energia deixar de fluir pelo filamento da lâmpada a luz cessará. Se, por absurdo, Deus deixar de existir, todo o Universo deixará de existir.

É um conceito muito diferente da idéia medieval de um Deus que criou o mundo em sete dias e passou a administrá-lo de seu trono celeste. Esse Deus poderia deixar de existir sem que sua criação o percebesse. Também é muito diferente da idéia mecanicista do Deus relojoeiro que criou o Universo como um engenhoso mecanismo e o colocou em movimento obedecendo as leis da física newtoniana. Esse Deus relojoeiro também é desnecessário para a manutenção do Universo.

[2] Artigo originariamente escrito para o Boletim GEAE 526 de junho de 2007. Para a publicação no Blog acrescentei apenas o subtítulo e a imagem.

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